Hospital e Maternidade “Porta da Esperança” da Missão Caiuá, que obteve ajuda da família Rodrigues, completa 47 anos

Fazer o bem sem ver a quem é um ditado popular muito comum para os brasileiros, mas para o Sr. Carlos René Rodrigues, este é o lema que rege a sua vida e de toda a sua família.

Sr. René, como é conhecido pelos amigos e frequentadores da Igreja Evangélica Esperança (local em que exerce o importante papel de levar a palavra de Deus como pastor), desde pequeno cresceu com a grandiosa missão de ajudar o próximo.

Sua avó materna nascida na cidade de Porto Feliz, interior de São Paulo, foi a responsável por disseminar este importante legado para os seus filhos e netos. Ao longo de toda a sua vida, ela dedicou grande parte de seu tempo e recursos financeiros para ajudar ao próximo, com alimentação, vestuários, educação e moradia a diversas pessoas que necessitavam de ajuda para sobreviver.

Desta forma, seus filhos (entre eles Moisés Rodrigues, pai do Sr. René) cresceram com este ensinamento, cultivando também em suas vidas o amor pelas pessoas e a generosidade de ajudar a quem precisa.

Com todo o legado deixado por sua mãe, o Sr. Moisés Rodrigues, concentrou os seus esforços e de sua família (esposa e filhos), em promover assistência para famílias e pessoas carentes, além de dedicar sua vida para auxiliar no desenvolvimento de comunidades espalhadas por todo o Brasil que necessitavam de ajuda.

Após dedicar-se muitos anos nas missões em apoio ao próximo, o Sr. Moisés tornou-se uma figura conhecida entre pessoas importantes na época e os missionários que estavam focados em promover o bem para as comunidades locais e foi por meio deste reconhecimento espalhado pelo país que foi convidado para participar da construção do Hospital e Maternidade “Porta da Esperança” na comunidade indígena de Caiuá em Dourados, Mato Grosso do Sul.

Este hospital foi criado pela Missão Evangélica Caiuá, uma agência missionária responsável por atuar no auxílio de povos indígenas. Ela foi criada em 1928, pelo pastor presbiteriano norte-americano, Albert Maxwell, que veio ao Brasil para expandir os ensinamentos do Evangelho.

Ao chegar em solo brasileiro, Maxwell dedicou toda a sua atenção aos índios da região de Dourados (MS), especificamente na tribo Kaiwá. Devido à situação precária de saúde e vivência deste povo, principalmente para as crianças e mulheres, o reverendo concluiu que deveria não apenas cuidar do espiritual deste povo, mas também da sua saúde física e mental.

Foi desta forma que Albert Maxwell iniciou a criação do Hospital e Maternidade “Porta da Esperança” na região. Ele contou com o apoio da Comissão Brasileira de Cooperação das Igrejas Evangélicas, que reuniu representantes da Igreja Presbiteriana do Brasil, da Igreja Presbiteriana Independente e da Igreja Metodista, além de diversos apoiadores que fizeram com que este projeto saísse do papel, dentre eles, o Sr. Moisés Rodrigues.

O Sr. Moisés, logo após início do projeto, mudou-se para a região de Dourados, especificamente na comunidade da tribo Kaiwá, com seus 7 filhos e esposa .

Lá, foi responsável por toda a organização e execução da obra, ou seja, ele quem organizou e gerenciou a equipe local para a construção fixa da base do Hospital. Seus filhos, como o Sr. Carlos René, também ajudaram com trabalho braçal neste importante projeto.

Segundo os relatos do Sr. René sobre este período, o projeto foi muito difícil de executar devido às condições do território em que seria construído o Hospital e da equipe de ajudantes e pedreiros locais, que em grande parte era composta pelos índios.

Para ele, a maior dificuldade enfrentada pelo o seu pai, o Sr. Moisés, para organizar e executar esta obra, foi na implantação e uso de materiais para construir a base do hospital, já que todo o transporte e processo de construção levavam dias para ser efetuado. Além disso, os índios não estavam acostumados a este tipo de trabalho, e por este motivo, discipliná-los também foi tarefa árdua naquele período.

Apesar das grandes dificuldades, o Sr. René, lembra com muito carinho dessa experiência, ressaltando que apesar de todo o trabalho e problemas para executar a obra, a vivência com os amigos índios foram enriquecedoras para toda a sua vida.

A família do Sr. René não permaneceu em Dourados até a finalização do Hospital, afinal o Sr. Moisés foi chamado para outra importante Missão espalhada pelo país. Mas, para o Sr. René, o fato de todos participarem na estruturação e inicio deste importante projeto, já vale como um importante legado de sua família em prol da responsabilidade de ajudar ao próximo.

Atualmente, o Hospital e Maternidade “Porta da Esperança” é mantido pela Missão Evangélica Caiuá, focado no auxílio ao povo indígena, disponibilizando 74 leitos credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos atendimentos de clínica médica, obstetrícia, pediatria e recuperação de desnutridos.

Esses atendimentos prestados aos indígenas incluem internações, ambulatórios, raio X, ultrassonografia e odontologia. Além disso, por se tratar de uma entidade filantrópica, o Hospital “Porta da Esperança” conta com diversas parcerias para desenvolver Campanhas Sociais, como: Arrecadação de leite em pó e arrecadação de fraldas descartáveis.

A Missão Caiuá, é dirigida atualmente pelo reverendo Beijamim Bernades e sua esposa Margarida, e atua nas aldeias da Região (Caarapó, Amambai, Tagwapiry, Sassoró, Porto Lindo e Gwassuty, Jacaré, lImão Verde, Campestre, Kokwey, Panambi) e também junto aos índios Xavantes, do munícipio de Nova Xavantina (MT).

Ela também possui convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para prestar atendimento médico para toda a população indígena do Mato Grosso do Sul, principalmente no combate a tuberculose (já controlada entre os Kaiwás) e a desnutrição infantil.

Para o futuro, a Missão Caiuá pretende buscar novos campos e ajudar outras tribos indígenas brasileiras que nunca ouviram falar do evangelho, contando com o trabalho de seus 84 missionários e colaboradores (38 indígenas e 46 não indígenas). Já o Sr. René, responsável por contar esta enriquecedora história, continua o legado de sua família, atuando como Vice-Presidente da ONG Missão São Lucas, ao lado do seu filho o Dr. Ivan Vargas Rodrigues (presidente da MSL), prestando assistência às comunidades mais carentes, não apenas servindo em suas necessidades físicas, sociais e emocionais, mas ajudando a resgatar a autoestima e integração social de seus indivíduos por meio de ações sociais de saúde, cultura e educação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *